Viajar à distância

Vivemos em tempos de parca mobilidade, confinamentos em países europeus e em outros territórios internacionais. 

Além da crise que o turismo e a aviação atravessam, existe pouco espaço para sonhar.

Se alguma vez soubesse que o ano anterior ia revirar a sua vida, o que teria feito diferente?

É uma pergunta que deixa espaço à reflexão, sem julgamentos.

No meu ponto de vista, a Pandemia toldou alguns dos valores fundamentais de uma sociedade, alguns deles sofreram até uma atualização no último ano.

Enquanto meio mundo se preocupa com a sua proteção, exacerbando comportamentos compulsivos de higiene, distanciamento, alheamento da realidade, outros continuam a adaptar-se a esta nova "anormalidade".

O mundo esse, com todas as transformações que sofreu, precisa de se retemperar, refazer a sua equação de equilíbrio entre os recursos naturais e a população que alberga. E nós que o habitamos também precisamos repensar o nosso espaço.

Valorizamos cada vez mais a nossa segurança e proteção sem nos lembrarmos que a vida é este jogo de procura contínua por momentos felizes, por realização pessoal, gargalhadas, abraços e conquistas.

Não vivemos para que nos julguem pela nossa quantidade de anos ou capacidade de aguentar tempestades. Seremos sempre responsáveis por aqueles que cativamos (tal como aprendemos no Principezinho) e pela forma como palmilhamos o mundo. 

E é neste conceito de viajar digitalmente que me pergunto onde estará o cheiro da chuva num país quente, o calor do sol sobre as nossas costas, o vento que se sente em cima das pontes quando as atravessamos, a vertigem que sentimos no topo de uma montanha ou num miradouro. ~

Que mundo queremos mostrar aos nossos descendentes? Aquele que tem cheiro, tacto, sensações...ou aquele a que acedemos atrás de um monitor? Haverá espaço para se reinventar a mobilidade sem colocar a alternativa "vídeo" ou "web" em tudo o que nos rodeia? 

Estamos a calcorrear por caminhos muito diversos. Ora se aprovam apoios à Economia Circular, ora se aprovam iniciativas de exploração maciça de recursos para a indústria de componentes tecnológicos.

A bipolaridade é tal que queremos promover a saúde e o bem estar das pessoas, empurrando-as para dentro de quatro paredes, entregues aos recursos digitais e privando-nos dos nossos maiores desígnios enquanto seres humanos - a partilha, o afeto, a experiência. 

Definitivamente que este não seria nunca o lugar que escolheria para uma reflexão tão pessoal mas, na esperança de haver alguém que se identifique com as minhas palavras, aqui exponho a minha visão.

Ainda que confinados, vivam o hoje! ~

Rita, her

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